A separação dos pais é um evento desafiador na vida de qualquer criança, e o modo como ela é comunicada pode influenciar profundamente a forma como a criança lida com esse processo.
O diálogo, quando feito de maneira sensível e respeitosa, pode ser uma ferramenta poderosa para ajudar os filhos a compreenderem a situação e a lidarem com as emoções envolvidas.
Ouvir e acolher a criança durante esse momento de transição é fundamental para o seu bem-estar emocional e psicológico.
Ouvir a criança com atenção
Antes de mais nada, é essencial que os pais se disponham a ouvir o que a criança tem a dizer sobre o que está acontecendo. Mesmo que a criança seja pequena, ela percebe as mudanças no ambiente familiar e pode ter dúvidas ou medos que não sabem expressar claramente. Estar disponível para escutá-la de forma atenta, sem interromper ou julgar, é o primeiro passo para criar um espaço seguro para que ela possa compartilhar seus sentimentos.
Ao ouvir, é importante validar as emoções da criança, mostrando compreensão. Frases como “Eu sei que você deve estar se sentindo triste” ou “É normal se sentir confuso agora” ajudam a criança a entender que seus sentimentos são normais e compreendidos. Isso reduz a sensação de solidão e culpa que muitas vezes acompanha a separação.
Explicar a situação de forma adequada à idade
Embora o diálogo seja fundamental, também é necessário saber como abordá-lo de acordo com a idade da criança. Para crianças mais novas, é importante usar uma linguagem simples e direta, sem entrar em detalhes desnecessários. A explicação deve ser honesta, mas sem sobrecarregar a criança com informações que ela não pode processar.
Por exemplo, é fundamental esclarecer que o divórcio não é culpa da criança e que ambos os pais continuarão a amá-la, independentemente da separação. Para crianças mais velhas, pode ser útil abordar o impacto da separação de forma mais detalhada, permitindo que elas façam perguntas e expressem seus próprios sentimentos.
Acolher as emoções da criança
Após ouvir a criança, é importante acolher suas emoções sem tentar apressar sua recuperação ou minimizar o que ela sente. Cada criança reage de forma diferente à separação, e pode levar algum tempo até que ela se sinta segura e equilibrada novamente. Ao invés de pressioná-la a “superar logo” a situação, os pais devem oferecer o apoio contínuo necessário para que a criança possa processar suas emoções no seu próprio ritmo.
Além disso, a criança precisa sentir que, apesar das mudanças no lar, ela ainda tem a mesma segurança emocional e física. Manter rotinas consistentes e garantir a presença de ambos os pais, quando possível, são formas de oferecer estabilidade e mostrar que, mesmo com as mudanças, o amor e o cuidado permanecem.
Fomentar a comunicação contínua
O diálogo não deve ser limitado a um único momento. Ao longo do processo de separação, a criança precisará de um espaço constante para expressar seus sentimentos. Manter as linhas de comunicação abertas e garantir que a criança se sinta confortável para falar sobre suas preocupações é essencial para ajudá-la a entender a nova dinâmica familiar e a ajustar-se a ela.
O diálogo durante a separação é um componente essencial para ajudar a criança a lidar com esse momento de forma saudável. Ouvir, acolher e explicar a situação de maneira apropriada para a idade da criança pode minimizar os impactos emocionais da separação e proporcionar o suporte necessário para que ela se sinta amada e compreendida.
Criar um ambiente de comunicação aberta e sensível facilita a adaptação e fortalece o vínculo familiar, mesmo diante de mudanças tão significativas.
Jéssica Amadeu
Psicóloga em Jales/SP
CRP 06/118656